sexta-feira, 20 de abril de 2012

Censura Web


Pode parecer brincadeira, mas uma marchinha do carnaval mineiro foi censurada este ano. Tudo porque a letra se tratava de uma crítica ao vereador Leo Burguês  e sua mania de pagar fortunas pela dúzia de coxinhas (quem não lembra do episódio? http://migre.me/8LrfN).

Durante o carnaval, o advogado do político entrou em contato com Flávio Henrique, autor da marchinha, e “propôs” que ele retirasse a música da web pois ela causava dano moral ao vereador. O autor, temendo a represália, cuidou logo de tirar o seu da reta e apagou a musica da internet. 

Confira a letra:
Não sei se é ladrão,
Pervertido ou pederasta
Tem gente metendo a mão
Na coxinha da madastra (bis)
Milhares de reais por mês
Pro lanchindo do burguês.
O nosso dinheiro ele gasta
Na cozinha da madrasta
Tira a mão, tira a mão
É hora de dar um basta
A grana da população foi parar na cozinha da madrasta
Agora BH já tem Édipo e Jocasta
Burguês pôs o seu cigarrete na coxinha da madrasta
Milhares de reais por mês pro lanchinho do burguês.
O nosso dinheiro ele gasta na cozinha da madrasta
Tira a mão tira a mão
É a hora de dar um basta
A grana da população foi parar na cozinha da madrasta.


As discussões na maioria das vezes ficam concentradas na proibição da censura imposta pela Constituição de 1988, o que é válido, mas no caso foi a tentativa de barrar a liberdade de expressão que suscitou grande repercussão da sátira. Flávio Henrique postou na sua página do facebook qual era o motivo da remoção da música da web. Os internautas ficaram indignados com o vereador e abusaram das redes sociais para divulgar a letra da marchinha.
Leo Burguês descobriu da pior maneira que uma verdade contada em refrão chiclete + repressão política é igual a incansáveis compartilhamentos! Receita do sucesso da crítica! Os políticos ainda não tomaram consciência que a censura só tinha êxito enquanto a internet não era disseminada. Um mérito para os internautas, que provaram mais uma vez que unidos a arbitrariedade política, é sim, censurada.


Por Ana Clara Maciel de Faria

Um comentário:

  1. Ana Clara,

    Vários autores que escreveram sobre a liberdade de expressão descrevem, entre suas críticas, o fato de a censura ser também inócua, já que mesmo proibida, as ideias circulam. Se não circulam livremente, circulam secretamente. Concorda?

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