sexta-feira, 4 de novembro de 2011

O valor da Ética no jornalismo


                Com base nas aulas de Legislação e Ética em Jornalismo pude constatar que existe um grande conflito entre o Código de Ética que rege a conduta profissional do jornalista e dos veículos de comunicação, perante o cenário em que o capitalismo dita as regras da economia, fazendo tudo ter um valor mercadológico, inclusive à notícia. Isso baseando-me no art. 6º do Código de Ética, que expõe que o exercício da profissão do jornalista é uma atividade de natureza social e com finalidade pública, subordinada, portanto, ao Código de Ética.
Pessoalmente, acho que este aprendizado sobre o que é ético e o que não é não deve começar nas escolas de jornalismo, e sim enquanto ainda somos crianças, em nossas casas, com nossos pais. Porém, diariamente, vemos jornalistas atentando contra a moral e os bons costumes das pessoas regidos pela Constituição Federal e pelos Direitos Humanos. Um exemplo, dizer que fulano cometeu um crime, mas que na verdade ele não cometeu, porque ainda não foi julgado e condenado pela Justiça, caracterizado como calúnia no Código Penal (art. 138). E casos para ilustrar isso é o que não falta, é só ligar a televisão nos programas policiais e assistir por meia hora.
O que me parece é que a ética do jornalista em si, por vezes, tem de ser deixada de lado, para o jornalista não se arriscar a perder o emprego, ou por medo de, simplesmente, não acatar a "ética" do veículo a que se trabalha. E é justamente nesta "ética" do veículo que se encontram os interesses mercadológicos e obscuros, que geralmente caminham em sentido contrário aos princípios regidos no art.6º, que rege a conduta moral e legal do jornalista e dos veículos de comunicação. Mas a notícia, mesmo sendo uma mercadoria, pode e deve ser tratada dentro dos princípios da conduta ética e profissional, tendo como objetivo oferecer uma informação de boa qualidade que satisfaça às necessidades de consumo dos leitores.
Acredito que o monopólio dos meios de comunicação juntamente a pressa, inerente ao jornalismo, cria essa briga acirrada e diária pela notícia exclusiva ou a guerra pela audiência. Neste momento que os jornalistas e seus patrões muitas vezes distanciam-se da conduta ética, e a lógica do espetáculo e do entretenimento vai contaminando veículo por veículo jornalístico, havendo uma significativa perda de valores de cunho ético em prol de interesses econômicos que venham proporcionar megafusões de empresas de comunicação, aumentando como nunca o poder centralizador da mídia em todo o mundo.
Estes veículos deveriam comprometer-se a cumprir entre outros preceitos o de sustentar a liberdade de expressão e o direito à informação, reforçando o funcionamento sem restrições da imprensa e o livre exercício da profissão (apurar e publicar a verdade dos fatos de interesse público, não admitindo que sobre eles prevaleçam quaisquer interesses); garantir a publicação de contestações objetivas das pessoas ou organizações acusadas em suas páginas de atos ilícitos ou comportamentos condenáveis; preservar o sigilo de suas fontes e respeitar o direito de cada indivíduo à sua privacidade, salvo quando este direito constituir obstáculo à informação de interesse público (Constituição e Código de Ética).
Mas os desvios de conduta ética são feitos por vários motivos, como uma interpretação errada durante uma entrevista, ou depois na construção deturpada de um texto, talvez o desejo de autopromoção do repórter em fazer um "furo de reportagem"; a mudança de rumo dos fatos, dando-lhe outros significados e sentidos, a fim de satisfazer a interesses mercadológicos contidos na “ética” do veículo de comunicação e; também, pela necessidade de transformar aquela pauta morna em algo mais interessante, que renda quem sabe até uma manchete de primeira página; a montagem tendenciosa na edição, entre outros recursos de manipulação dos fatos. Embora cada um dos motivos citados seja diferente, todos são desvios de conduta ética jornalística. Isso é algo deprimente para a categoria dos jornalistas que consideram os valores morais e éticos essenciais para o bom desempenho do exercício da profissão e, consequentemente, do profissional.

Wendell Spadano

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