quarta-feira, 14 de março de 2012

Um Larry sem ética, um povo contra Flint

O poder de influência dos profissionais de imprensa é muito grande e com isso pode se 
 tornar avassalador caso haja um abuso poder na trama das suas relações sociais. Logo, nos encontramos na interface entre a Ética e a Comunicação.

Vale ressaltar que personagens do cinema revelam tudo o que há de familiar e de estranheza nos seres humanos, incluindo tanto as suas atitudes mais nobres e vergonhosas.

Nem sempre o mundo dos jornalistas retratado no cinema agrada. Quase sempre as atitudes dos jornalistas, da imprensa, da televisão, exibidas na telona, depõem contra sua dignidade. Os conflitos ideológicos, afetivos e políticos no espaço da comunicação vêm de longa data, antecedem à própria imprensa.   

No filme “O povo contra Larry Flynt”; vida de Larry Flynt não é vista combons olhos ou como exemplo de engajamento. Flynt é um típico americano de classe média, dono de um clube de strip em Ohio e busca algo mais para atrair a atenção do público. E acaba criando a revista Hustler que passa a atender um público diferenciado.
 
Por ser extremamente libertina a revista Hustler é criticada pela sociedade moralista das décadas de 70 e 80. Flint é processado inúmeras vezes E como um excelente representante do clube dos “bons vivas” faz de tudo para gerar polêmica.  
 
Flynt (o libertino) contra Jerry Falwel (o ministro de Deus); do lado do pregador do evangelho toda a sociedade cristã conservadora e moralista, do lado de Flynt os principais jornais e canais de TV do país defendendo a liberdade de expressão. Em todos os momentos a defesa de Flynt  está baseada na liberdade de expressão. Ao fim de todo o processo a conclusão que chegam é: melhor conviver com conteúdos ruins e pessoas livres do que impor qualquer tipo de censura de conteúdo, mesmo para conteúdos imorais como o da Hustler.  
 
Comparando com o Brasil, na questão de restrição de conteúdo midiático, podemos nos recordar da censura imposta pela lei eleitoral 9.504 de 1997 que foi amplamente questionada pelos programas de humor em nosso país nas eleições de 2010. A Lei Eleitoral 9.504/97 no artigo 45 inciso II proíbe que emissoras de rádio e TV usem “trucagem, montagem ou outro recurso de áudio ou vídeo que, de qualquer forma, degradem ou ridicularizem candidato, partido ou coligação”.

O filme “O Povo contra Larry Flint” expressa com fidedignidade a vontade de potência do ser humano, com tudo o que isto acarreta de projeções, identificações
e transferências, amor e ódio, na relação entre o personagem de ficção e o espectador.

Registra em ângulos arrojados e inusitados o apogeu e a decadência dos indivíduos, reflete as pulsões agressivas da cultura, assim como a sublimação para as grandes construções humanas. Focaliza a construção dos impérios e também a sua destruição.

Kelly Marinho

Nenhum comentário:

Postar um comentário