Dois
anos depois da renúncia de Nixon, o caso Watergate foi retratado no cinema sob
o comando de Alan J. Pakula
17 de junho de 1972. A principal manchete nos
jornais norte-americanos é dedicada a um assalto ocorrido na sede do partido
democrático, o edifício Watergate. É um ano eleitoral e o então presidente
Richard Nixon compete com o democrata George McGovern pela vitória nas urnas. O
acontecimento, inicialmente considerado trivial pelas autoridades – ladrões em
busca de dinheiro e outros pertences valiosos – estava fadado a entrar para a
história como um marco no rumo político dos Estados Unidos e na função investigativa
do jornalismo.
A notícia foi parar nas mãos de
Bob Woodward, jornalista que há menos de um ano atuava como repórter no
tradicional jornal nova-iorquino The Washington Post. Woodward, ao
descobrir que um dos assaltantes envolvidos na ocorrência havia recebido um
cheque de 25 mil dólares proveniente do Comitê de Reeleição Presidencial de
Nixon, muda o rumo da reportagem, tornando-a investigativa em vez de meramente
noticiosa. Junto a Carl Bernstein, repórter mais experiente e também
interessado em desvendar o caso, o jornalista mergulha em uma complexa rede de
investigação dos processos de corrupção realizados durante a campanha
presidencial. Conhecido posteriormente como “Caso Watergate”, as denúncias de
Bernstein e Woodward, apesar de não terem impedido a reeleição do presidente,
estão diretamente relacionadas com sua renúncia, em 1974, depois de ter
confessado a responsabilidade pelo esquema de caixa dois em favor de operações
de espionagem contra o Partido Democrata. Nesse mesmo ano, os jornalistas responsáveis
pelo caso publicaram o livro Todos os Homens do Presidente,
transformado em filme em 1976 pelo cineasta Alan J. Pakula.
O filme, apesar de ter sido
lançado apenas dois anos depois da renúncia de Nixon, não poupa esforços para
reforçar a denúncia da vergonhosa corrupção, falta de caráter e desonestidade
da campanha republicana norte-americana. O que o deixa ainda mais interessante
é que a história é contada não sob o ponto de vista político, mas sob o
jornalístico. O diretor, que já havia demonstrado talento em retratar histórias
polêmicas (A Escolha de Sofia, de 1982, e Inimigo Íntimo, de
1997), desdobra a trajetória da apuração feita por Woodward (Robert Redford) e
Bernstein (Dustin Hoffman), os truques desempenhados pela dupla para conseguir
informações relevantes e o resultado final: uma série progressiva de
reportagens cheias de fatos concretos, polêmicos e de grande interesse público.
Um dos destaques é a atenção dada ao “Garganta Profunda”, pseudônimo de Mark
Felt, que, na época, ocupava o segundo cargo mais importante no FBI. Felt, sob
a condição de se manter anônimo por tempo indefinido, revelou informações
cruciais para que o Washington Post concretizasse sua denúncia.
O caso Watergate é, ao mesmo
tempo, indecoroso e digno. O primeiro por inaugurar uma era da política
ocidental em que a corrupção é parte integrante do processo e o segundo por
afirmar o papel social investigativo do jornalismo,
que tem o poder de mudar o rumo da história. Todos os Homens do
Presidente é o retrato realista do resultado de muita apuração,
raciocínio e coragem, que culminaram na divulgação de um dos muitos desvios de
conduta já praticados pela sociedade.
Podemos
considerar Todos os homens do
presidente um filme paradigmático para o estudo das teorias do jornalismo
contemporâneo.
Postado por Rafaela Borges e Raquel Rodrigues
Postado por Rafaela Borges e Raquel Rodrigues
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